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domingo, 7 de abril de 2013

Os maiores marcos na história das consolas [5ª e última parte]

Entramos na recta final da história das consolas com a geração actual, marcada pelo regresso em força das portáteis, pelos primeiros jogos autoestereoscópicos e pela primeira consola Android

A 3DS, disponível em várias cores, deu o pontapé de saída para a Oitava Geração de consolas
Com o final da Sétima Geração que nos deu a conhecer máquinas como a PS3 e a XBox 360, bem como pôs toda a gente a mexer com a Nintendo Wii, entramos na geração actual, que começou no inicio de 2011 com a Nintendo 3DS.

Sendo a primeira consola a apresentar jogos em três dimensões através de autoestereoscopia - sem necessidade de óculos 3D, foi lançada em Fevereiro de 2011, depois de ter sido anunciada na E3 do ano anterior. Já nos anos '80, a gigante japonesa tinha tentado uma incursão pelos jogos a 3D, mas através do uso de shutter glasses, onde cada lente funciona como um ecrã, dando a ideia de tridimensionalidade. Em tudo semelhante às anteriores DS e DSi, a 3DS destaca-se a partir do momento em que é ligada e o sistema autoestereoscópico inicia.

Retrocompatível em relação a grande parte dos jogos e aplicativos da DS e DSi, foi anunciada com jogos da Square Enix, das séries Final Fantasy e Kingdom Hearts, da Konami, como Metal Gear Solid: Snake Eater 3D, entre outras produtoras. Foram igualmente anunciados, embora mais tarde, remakes de StarFox 64 e The Legend of Zelda: Ocarina of Time, transformados em jogos 3D. Actualmente existem 139 jogos disponíveis para esta plataforma, sem contar com os retrocompatíveis que engrossam a lista.

Uma das features interessantes nesta consola é o facto de ter duas objectivas traseiras que permite tirar fotografias tridimensionais. A funcionalidade é de tal forma interessante que chegaram a ser feitas exposições de fotografia em 3D, uma delas em Lisboa. No entanto, a consola envolveu-se em polémica depois de especialistas considerarem que "há uma possibilidade de as imagens 3D, que enviam diferentes imagens para os olhos esquerdo e direito, possam afectar a visão em crianças pequenas". No entanto, este facto ficou por ser provado cientificamente, embora alguns utilizadores se tenham queixado de tonturas ou dores de cabeça depois de jogar jogos tridimensionais - o mesmo tipo de sintomas que muitas vezes surge depois de ver um filme em 3D no cinema, e que pode ser causado pelo facto do cérebro deixar de ter chaves visuais de percepção da profundidade enquanto vê o filme ou joga um jogo, e as volta a ter assim que os termina.

Polémicas à parte, a Nintendo 3DS tinha vendido quase 30 milhões de unidades no fim do ano passado. Segundo a Amazon UK, foi o sistema de videojogos com mais pré-vendas feitas desde sempre.

A Wii U diluiu a linha entre homegaming e consolas portáteis
Continuando nas consolas portáteis, a Nintendo deu a conhecer também a Wii U, mas com uma diferença substancial: esta não é "apenas" uma consola portátil, mas uma que pode ser ligada a um televisor como qualquer outra ou ir com o jogador para onde quiser. É a primeira Nintendo a suportar gráficos HD, produzindo vídeos com 1080p, e apresenta uma potente RAM de 2GB, metade deles dedicados ao sistema operativo da consola. Foi lançada em duas versões, uma, em cor branca, com 8GB de memória interna, e uma versão "Deluxe", preta e com 32GB de capacidade, uma série de goodies (suportes para a consola e GamePad e carregador de mesa) e o pack de jogos NintendoLand. 

Tem ligação à Nintendo Network, para compra de jogos online, jogos multiplayer e mesmo chamadas vídeo através da câmara integrada no GamePad. Há ainda uma rede social para os jogadores, chamada Miiverse, que permite chat, partilha de achievements nos jogos e que pode ser acedida através de smartphones e tablets, computador e pela Nintendo 3DS.

E já que falamos no GamePad, é este que torna a consola diferente das demais. É o principal controlador da Wii U e apresenta um touchscreen que complementa o jogo que vai sendo mostrado na TV. Com jogos que suportem Off TV Play, pode inclusivamente ser desligado da TV e jogado como uma consola portátil, ou inclusivamente ser utilizado como comando da TV. Se o jogador preferir um comando mais tradicional, poderá usar o Wii U Pro Controller, mais semelhante aos comandos habituais.

Quanto aos jogos, a consola apresenta retrocompatibilidade com os títulos e periféricos da Wii, e alguns jogos Wii U são mesmo compatíveis com o Wii Remote e o Nunchuk, e embora não suporte discos ou periféricos da GameCube, a Nintendo indicou que os jogos desta possam ser disponibilizados para download, embora não tenha avançado mais nada desde então. A Wii U foi lançada em simultâneo com 29 jogos na América do Norte, 26 na Europa, 25 na Austrália e 11 no Japão. Alguns dos títulos são NintendoLand (o jogo mais vendido com 2.33 milhões de vendas até ao fim do ano passado), New Super Mario Bros ou Wii Fit U, uma versão para a nova Nintendo do conhecido Wii Fit.

Foram lançados inclusivamente títulos para jogadores mais adultos, como Assassin's Creed III, Mass Effect III ou Batman: Akham City Armored Edition. A Wii U tem ainda títulos criados em exclusivo para esta plataforma, como é o caso de ZombiU e Rabbids Land. Em Janeiro de 2013 foi anunciado que seriam disponibilizados para download vários jogos para NES, SNES e GameBoy Advance e que estes incluiriam a funcionalidade Off TV Play.

Também a SONY voltou ao mercado das consolas portáteis com a sucessora da PlayStation Portable - a PS Vita. Embora, à primeira vista, sejam muito parecidas, a Vita destaca-se por possuir dois analog sticks e um screentouch OLED de cinco polegadas. Tem ainda um D-pad com os botões standard da Playstation (Triangle, Circle, Cross e Square) e um rear touch pad, uma das grandes novidades da consola em termos de controladores. Por dentro, apresenta um processador quad-core ARM Cortex A9 MPCore onde três dos quatro cores poderão ser dedicados a aplicações, sensor Sixaxis - à semelhança do comando da PS3, dividido entre um giroscópio e um acelerómetro de três eixos cada - e pode ter conectividade Wi-Fi ou 3G, GPS na versão com 3G e Bluetooth 2.1+EDR. Tem 512 MB de RAM e 18MB de VRAM.

Os jogos são comercializados sob a forma de um PS Vita Card, em tudo semelhantes a um cartão SD, ao contrário dos pequenos discos UMD utilizados pela PSP. Alguns jogos pedem também um cartão de memória exclusivo da consola para instalação de patches e saves. À data de lançamento da consola foram postos nos escaparates 25 títulos e até Março de 2012 existia um total de 115 jogos - alguns deles lançados em formato físico, outros apenas disponíveis através de compra electrónica e download incluindo jogos inicialmente lançados para a PSP. Além dos jogos, a SONY anunciou, na Gamescom de 2011, que estariam disponíveis aplicações para a Vita, como Facebook, Skype, Twitter, Netflix e FourSquare, através da PlayStation Store. Mais tarde, em 2012, anunciou novas apps disponíveis, como Music Unlimited, Flickr, Youtube ou Hulu Plus.

A PlayStation 4 foi anunciada em Fevereiro, mas só deverá ser posta à venda perto do Natal
Até à data, ainda só as máquinas da Nintendo e a portátil da SONY foram comercializadas. Embora já anunciada em Fevereiro, a PlayStation 4 só deverá ser posta à venda para o final do ano, tal como a apresentação ao público da sucessora da XBox 360 (que foi baptizada temporariamente com o nome de código Durango). Optando por não me debruçar muito nestas duas consolas, gostaria mais de mostrar uma máquina que entra na História tanto por ser a primeira consola com uma versão do sistema operativo Android, como a primeira a ser financiada através de crowdfunding - chegando mesmo a ser o segundo projecto mais financiado no Kickstarter, onde juntou mais de oito milhões de dólares. A consola já começou a ser entregue aos financiadores.

A OUYA corre uma versão modificada do Android 4.1 Jelly Bean, cujo código root pode ser aberto sem violar a garantia, o que abre as portas a um sem-fim de possibilidades, e mesmo a própria consola tem uma carroçaria fácil de abrir para permitir modificações de hardware. O objectivo é possibilitar cada proprietário de uma OUYA a ser, ao mesmo tempo, jogador e dev, não havendo sequer taxas de licenciamento para os jogos desenvolvidos. Todos os jogos têm, obrigatoriamente, um lado free-to-play, mesmo que seja um modo trial ou através de conteúdos comprados.

A OUYA, uma pequena máquina onde cabe tudo o que se possa imaginar em videojogos
Em Julho de 2012, a Square Enix anunciou que iria disponibilizar o jogo Final Fantasy III como título de lançamento com a consola, e outras produtoras estão também dispostas a ver os seus jogos correrem na OUYA, como a Namco Bandai. Até hoje foram confirmados 481 jogo, dos quais 80 foram confirmados pela equipa da própria OUYA ou pelos devs do jogo. As capacidades deste cubinho mágico não se ficam pelos jogos, estando confirmados cinco emuladores diferentes (desde de consolas Nintendo à saudosa Commodore) e seis aplicações de media.

As consolas de videojogos evoluíram quase tanto - desde cenários com celofanes a consolas opensource - quanto a trepanação evoluiu até chegar à neurocirurgia. E acreditamos que não a história das máquinas que mudaram os passatempos para sempre fique por aqui: actualmente, representam 25% do poder computacional de todo o Mundo.