Tablet já tem garantidos anúncios por quase 150 mil euros o spot. Nova plataforma arranca a 7 de Abril
A quatro dias da grande estreia do iPad, as garrafas de champanhe estão prontas, as caixas estão a ser alinhadas nas prateleiras e o dinheiro está a caminho dos bolsos da Apple.
Mais precisamente, os cheques gordos que os anunciantes vão pagar para porem publicidade nas edições desenhadas para o iPad de vários jornais e revistas, como a "Time" e a "Wired". Será um jogo de vitória garantida para as duas partes: a Apple assegura mais uma fonte de rendimento e os grupos de media conseguem um novo nicho para angariarem publicidade, numa altura em que o investimento nos meios tradicionais continua a declinar.
Para já, os primeiros números são promissores. De acordo com o "Wall Street Journal" de ontem, a "Time" garantiu acordos de marketing com a Unilever (dona da Dove, Skip, Becel), Toyota Motor e Fidelity Investments para anunciarem nas primeiras oito edições iPad da revista. Preço por spot publicitário: 200 mil dólares (148 mil euros). A "Wired" também desenhou um pacote com extras no iPad para quem comprar oito páginas de anúncios na revista em papel.
No entanto, a estratégia da Apple é mais abrangente que isto. Segundo fontes citadas pelo site MediaPost, a fabricante do iPhone planeia lançar, a 7 de Abril, uma nova plataforma para vender e pôr anúncios, chamada "iAds". A ideia é aproveitar o frenesim mediático do lançamento do iPad, no próximo sábado, para publicitar a plataforma. Se os rumores estiverem certos, a estratégia por trás do iAds é abranger tudo o que seja dispositivo móvel na Apple, desde o iPod Touch ao iPhone e ao iPad. O plano já se adivinhava a partir do momento em que a Apple deu 204 milhões de euros por uma empresa chamada Quattro Wireless, em Janeiro.
Esta empresa norte-americana, auto-intitulada "líder global em publicidade móvel", não foi a primeira escolha da Apple. Na verdade, Steve Jobs estava a negociar com a AdMob, ainda maior que a Quattro Wireless, quando a Google se antecipou e fechou negócio primeiro. É que a gigante dos motores de busca domina o mercado mundial de publicidade online e retira deste negócio 97% dos seus lucros (4,8 mil milhões de euros) com os links patrocinados.
No entanto, há cada vez mais utilizadores que entram na internet através dos telemóveis e não dos computadores, com o iPhone na liderança. A Google está a tentar inverter esta tendência com os seus próprios telemóveis, Nexus, e com acordos para os modelos Android (o seu sistema operativo).
Mas se a Apple for bem-sucedida com o iPad, haverá uma nova plataforma de acesso à internet que nem sequer terá o motor de busca Google instalado por defeito - a Apple negociou com a Microsoft para incluir o Bing, em retaliação à entrada da Google nos telemóveis com o Nexus.
Que resulta desta salada de rivalidades? O iAds poderá realmente desviar investimento publicitário da Google para a Apple. Algo que a Microsoft e a Yahoo! têm tentado fazer, sem sucesso, muito por culpa dos fracos índices de popularidade dos respectivos motores de busca. Só no mercado de publicidade móvel, estamos a falar de algo como 2,3 mil milhões de euros em 2013.
Ainda é cedo para perceber que impacto terá o iPad no panorama publicitário ou se terá mesmo algum, como explica Pedro Pina, vice-presidente da McCann Ibéria. Mas se as previsões de vendas do iPad forem cumpridas e ultrapassarem as do iPhone, o sucesso está garantido.
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