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sexta-feira, 26 de março de 2010

Chávez leva revolução para "trincheiras" da Net

Os venezuelanos já têm de ver o Presidente Hugo Chávez praticamente todos os dias na televisão, ouvi-lo diariamente na rádio e ler a sua mensagem nos jornais controlados pelo Estado. Agora, o líder da revolução bolivariana promete atacar noutro meio: a Internet.
Dias após o Parlamento ter aprovado a criação de uma comissão que terá como missão sancionar os sites que "utilizam a Internet de forma indevida e sem ética", o Presidente anunciou que vai ter o seu próprio blogue.




"Vou ter a minha trincheira na Internet", anunciou. "Uma página com a qual possa comunicar com o mundo", acrescentou Chávez. "Vou enviar muita informação por ali, vai ser um bombardeiro." O Presidente disse ainda que já se fizeram "golpes de Estado através da rede", pelo que ele e o seu Governo têm de estar "preparados para fazer a contra-revolução também através da rede. É tudo uma batalha do socialismo contra o capitalismo", referiu.

A oposição já criticou a criação da comissão e até do blogue, dizendo que o objectivo do Presidente é alcançar a "hegemonia em termos de comunicação no ciberespaço". Para Miguel Henrique Otero, director do jornal El Nacional, crítico do Governo, esta é uma forma de Chávez "tentar regulamentar o único meio inteiramente livre, a Internet".

Mas as críticas ao Presidente não se ficam por aí e abrangem também a sua última decisão: decretar todos os dias da Semana Santa como feriados. O objectivo, segundo Chávez, é poupar energia. A seca que se regista na Venezuela deixou a barragem hidroeléctrica de El Guri, que satisfaz 70% do consumo nacional, em níveis preocupantes. E a palavra de ordem é poupar energia. "Não se esqueçam de apagar a luz e fechar a torneira da água", disse o Presidente, que noutras ocasiões já pediu aos venezuelanos que tomem duches mais curtos.

O director da Fedecámaras, o maior sindicato patronal da Venezuela, considerou a medida populista. Para Noel Álvarez, "será pouco efectiva", já que o maior consumo de electricidade e água é feito nos lares e não na indústria. E disse que está preocupado com "a queda de produtividade". Os problemas energéticos estão a afectar a popularidade de Chávez.


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