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terça-feira, 23 de março de 2010

Candidata ecologista quer usar 'Avatar' na campanha


Marina Silva pedirá a Cameron para incluir filme na corrida às presidenciais.

No dia em que assistiu ao mais recente filme do realizador norte-americano James Cameron, Avatar, a senadora brasileira e pré-candidata pelo Partido Verde (PV) às presidenciais brasileiras do próximo mês de Outubro, Marina Silva, teve "um daqueles momentos" que só a fantasia explica quando a ficção se aproxima da realidade. Ela deu por si "levando a mão à frente para tocar a gota de água sobre uma folha, tão linda e fresca", do mesmo "jeito" que fazia "quando andava pela floresta [amazónica]" onde foi criada, no Acre.

"É incrível revisitar, misturada à grandiosidade tecnológica e plástica de Avatar, a nossa própria vida", escreveu Marina Silva no início do mês no seu blogue. Nascida em Breu Velho, no seringal Bagaço, esta só aprendeu a ler aos 16 anos, quando uma hepatite confundida com malária a levou para Rio Branco, a capital do estado, onde recebeu a protecção do bispo local.

O filme de James Cameron conta a história da guerra entre duas "tribos" (os navi, uns seres azuis ecologistas, e os humanos) pelos recursos do planeta Pandora e respectiva continuação da espécie nativa. É, também, um pouco essa a "guerra" de Marina, no Brasil, sobretudo pela Amazónia, desde que ganhou voz política e saiu dos meandros da selva para os palanques públicos. Na realidade, ela que cresceu e trabalhou nos seringais da Amazónia brasileira reviu-se "em tudo" naquele filme. Chorou "diversas vezes" e encontrou o seu "povo". Esta mulher hoje com 52 anos foi empregada doméstica antes de se formar em História na Universidade Federal do Acre, aos 26 anos. Mas foi a protecção do ambiente que sempre a moveu.

Militante do Partido dos Trabalhadores até final de Agosto do ano passado, a pré-candidata do PV às presidenciais tem a natureza no sangue e a ecologia como cultura enraizada. Uma causa que já lhe valeu ser eleita Campeã do Planeta pelas Nações Unidas e ter sido escolhida pelo diário britânico The Guardian como uma das 50 pessoas que podem salvar a Terra. Marina Silva ficou até "feliz" pelos navi serem tão magros quanto ela ("resultado de várias malárias e hepatites", como explicou) e, embora não o tenha escrito no seu blogue, o que ela verdadeiramente sentiu foi que era uma personagem do mundo de Avatar: "Verde", claro.

"Também enfrentei, junto com eles, o mal e a violência da destruição". Não admira, portanto, que ela tenha encontrado o épico ideal para retratar a sua campanha. Na próxima semana, durante o Fórum Internacional de Sustentabilidade em Manaus, Silva vai aproveitar para se reunir com Cameron, um dos oradores do evento, para o sondar sobre uma forma de incluir o filme na propaganda eleitoral. A realizar-se, a ideia seria o trunfo da máquina do marketing político da antiga ministra do Ambiente de Lula da Silva, tendo como pano de fundo a tese do clima, embora desde que foi apresentada como pré-candidata do PV às presidenciais, ela tenha negado que iria basear o mandato (e a campanha) na ecologia. Improvável: foi essa "qualidade" que lhe deu vários reconhecimentos internacionais. E na arte de propaganda, sabe-se, extrapolam-se as virtudes.

Depois, não é a primeira vez que Marina tenta recorrer ao cinema. No início do ano dizia-se que o realizador brasileiro Fernando Meirelles estaria envolvido na campanha dela, com quem chegou a fazer alguns programas para o Instituto Sócio-Ambiental. Ele negou, pois estaria fora do país nessa altura, embora tenha admitido "consultoria" no assunto, e que era "apoiante" da ecologista.

Em todo o caso, parece que a melhor consultoria pode vir da América. Além de Cameron (que é canadiano mas vive nos EUA), também Al Gore, o político "verde", que se dedica ao capitalismo ambiental (autor do famoso documentário ecologista Uma Verdade Inconveniente) vai estar no evento em Manaus, e poderá dar-lhe "sustentáveis" dicas em matéria de marketing Verde.


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