Decisão tem como objectivo impedir o concurso de desenhos representando o profeta e lançado por um utilizador ocidental
O "Dia de desenhar Maomé" foi o desafio lançado, há um mês, por um utilizador ocidental do Facebook e que deveria concretizar-se ontem. No Paquistão, e para evitar que tal "blasfémia" acontecesse, o Supremo Tribunal de Lahore - a pedido de um grupo de advogados - ordenou às autoridades que bloqueassem o acesso ao Facebook até ao próximo dia 31 - quando a situação for levada a tribunal - , medida também extensiva ao site de partilha de vídeos YouTube.
As manifestações de protesto e condenação começaram mal o concurso foi anunciado. E não se limitaram ao Paquistão, embora neste os protestos tenham sido mais hostis, o que revela o poder dos muçulmanos integristas no país em causa.
Em Islamabad, por exemplo, centenas de manifestantes saíram à rua, em resposta ao apelo lançado por um partido islamita, e exigiram o boicote ao Facebook e ao YouTube. Palavras de ordem antiocidentais foram gritadas pelos manifestantes, que pediam ainda aos muçulmanos para "sacrificar a sua vida pela glória do islão e do profeta Maomé".
"Abaixo a América!", gritaram, por seu turno, estudantes e religiosos que se manifestaram em Lahore e que exigiam ainda a ruptura de relações diplomáticas do Paquistão com a Dinamarca, a Suécia e a Noruega. A referência a estes países prende-se com a publicação, pelos seus jornais em 2006, de caricaturas de Maomé, uma situação considerada não só ofensiva como blasfema pelos muçulmanos.
Para além do YouTube e do Facebook, a Autoridade das Telecomunicações Paquistanesa (ATP) ordenou também que outras páginas da Net fossem bloqueadas, num total de 450. Em comunicado, a ATP recordou que a decisão "está de acordo com a Constituição do Paquistão e a vontade do povo". E o seu porta-voz, Khurram Mehran, justificou: "Vivemos numa república islâmica".
"Se o Facebook e outros instrumentos forem usados por países do Ocidente para blasfemar [contra o islão e o profeta], nós transformaremos as suas embaixadas em alvo", disse Faisal Javed, de 21 anos, ao Washington Post.
Não é a primeira vez que sites são bloqueados. O Google, por exemplo, já foi bloqueado pela China e é frequentemente alvo de censura de Pequim; o YouTube foi bloqueado na Turquia por conter "material ofensivo" ao fundador da república laica, Kemal Ataturk. O mesmo fez, em 2007, a Tailândia por "ofensa ao Rei".
Fonte: dn.sapo
Sem comentários :
Enviar um comentário