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segunda-feira, 2 de junho de 2008

3º dia do Rock in Rio

Foto: Tokio Hotel


E eis que, chegado ao terceiro dia, o Rock in Rio Lisboa 2008 virou-se para a família, reunindo, num mesmo local, pais e filhos, tios e sobrinhos, velhos e novos, todos sob uma mesma bandeira. E mesmo que por vezes, como acontece em todas as famílias, a divergência de opiniões surja, ficou provado que não há nada que pague a união que uma boa e velha música consegue!



«Pela família, tudo!», é uma expressão comum de ouvir, especialmente vinda da boca daqueles que já possuem descendência. E, certamente, terá sido no cumprimento desta máxima que muitos pais, tios e primos decidiram juntar-se a filhos, sobrinhos e primos, e rumar, a um domingo à noite, a poucas horas antes do início de mais uma semana de trabalho, até à Quinta da Bela Vista, em Lisboa, vindos inclusivamente de vários sítios do País, para aquele que foi, verdadeiramente, o dia da família no Rock in Rio 2008.
Depois de dois dias para a malta mais graúda, o terceiro dia daquele que é um dos maiores festivais de música a nível mundial foi, digamos assim, dedicado a todas as idades, com a maratona a começar, naturalmente, cerca das 17:00 horas, pelos mais novos, com algumas das bandas que recentes do universo sub-18, sub-16, sub-10 e todos os mais «sub» por aí a baixo – 4Taste, Just Girls e Docemania, bandas cuja música é hoje obrigatória em qualquer automóvel de chefe de família, desfilaram alguns dos seus ainda poucos mas já conhecidos êxitos, com um recinto muito composto a entoar em conjunto com os igualmente jovens intérpretes hits que serviam de aquecimento para o que vinha a seguir.

É que, se muitas destas bandas estão direccionadas para um público bastante jovem e poderão até ser encaradas como fenómenos temporários, já o mesmo não se pode dizer quem lhes sucedeu em cena, um verdadeiro fenómeno nacional para todas as idades: nada mais, nada menos, do que os eternos Xutos & Pontapés, a quem alguém já chamou um dia os Rolling Stones portugueses, devido à longevidade atingida.

Iguais a si próprios, revisitando muitos do êxitos com que foram construíndo uma carreira de sucesso («Não sou o único», «Gritos mudos», «O mundo ao contrário», «À minha maneira», «Maria» e a igualmente eterna «Casinha», entre outras), Tim & Co. voltaram a encontrar-se com a sua verdadeira e fiel legião de fãs, que, após tantos anos de estrada, continuam a acompanhá-los para onde quer que vão e a contribuir para que sejam uma das bancas mais emblemáticas do cenário musial português. E que, sublinhe-se, conforme voltou a ficar demonstrado este domingo à tarde, se encarregam de passar o testemunho aos filhos, desde a mais tenra idade!

Com pais e filhos imbuídos do mesmo espírito rock português (era vê-los, dos 2 aos 62 anos, a «abanar o capacete», de braços cruzados sobre a cabeça...) e num clima de festa que até teve direito à presença em palco e ao som da «Casinha» de muitos dos desportistas portugueses que vão participar nos Jogos Olímpicos de Pequim, foi já cerca das 20:30 horas que entraram «em campo» a principal razão da presença na Cidade do Rock de adolescentes e pré-adolescentes – os Tokyo Hotel, banda alemã que, com os seus intérpretes tão ou mais novos do que muitos que os aplaudiam em frente ao placo, concretizaram, com a sua presença no Rock in Rio 2008, o sonhos de muitos fãs de finalmente os verem ao vivo.

Com o rosto dos pais a variar entre a incredulidade pela atitude dos filhos e o olhar de reprovação por nunca terem imaginado ver os filhos em tal estado de excitação (ele era berros, ele era gritos, ele era lágrimas...), a histeria rapidamente tomou conta da assistência mais jovem, à mesma velocidade com que a banda alemã ia debitando, compenetrada, os temas do albúm de estreia, com especial destaque para temas como «Ready, Set, Go», «Scream», «Raise your Hands» e o inevitável «Monsoon», cantado por todos dos 6 aos 16 anos.

A primeira actuação dos Tokyo Hotel em Portugal terminaria com um encore, cumprido com mais dois temas («Geh» e «By your Side»), e a assistência mais jovem rendida, ainda que não sem algum sentimento de alívio na face dos pais. Os quais podiam, a partir aí, acreditar que o espectáculo também era para eles, com a subida a palco da britânica Joss Stone, naquele que foi um dos melhores momentos do dia 3 no Rock in Rio 2008.

Mesmo já com alguns pais de saída, porque era chegada a hora de meter as crianças na cama, que amanhã é dia de escola, Joss Stone cantou e encantou em Lisboa, bem apoiada por um excelente coro e bons músicos, mas ainda mais por aquilo que a jovem intérprete revelou ser: não «apenas» uma das vozes mais apaixonantes do soul actual, mas também um poço de sensualidade, empatia, simplicidade.

Descalça, de cabelos louros ao vento, envergando um vestido vermelho género cai-cai, Joss deslumbrou uma plateia que rapidamente se rendeu aos seus (muitos) encantos, vivendo cada nota, cada passo, cada gesto de uma jovem que nem sequer esqueceu a irreverência,ao desabafar, logo no final do segundo tema («Chokin Kind»), qualquer coisa como «Tinham-me dito que ia estar calor, mas, afinal, está aqui «a fucking freeze!».

Desfilando alguns dos temas que lhe trouxeram fama, a britânica mostrou saber igualmente «comungar» com o público, ao abandonar o palco e deixar-se tocar pelos muitos fãs que, encostados às grades de segurança, queriam tê-la ali, ao pé, acabando, inclusivamente, a oferecer um dos colares que trazia ao pescoço.

Terminando com o imprescindível «Right to be Wrong», foi uma Joss Stone visivelmente feliz que abandonou o palco Mundo, emocionada com a recepção que havia tido e certamente convencida que vai ter de passar mais vezes por Portugal, onde a espera uma falange de fãs que, depois desta noite, certamente cresceu consideravelmente...

Mas, porque o dia era mesmo para todas as idades, os mais resistentes não regressaram a casa sem antes ouvir um «velho dinossáurio» do rock, Rod Stewart de seu nome, que mesmo já com uma idade avançada, sobre «fechar» a festa com temas que continuam no ouvido de miúdos e graúdos.

«It`s a Heartache», «Some Guys», «Have I Told You», «Maggie» e «Sailing» foram alguns dos muitos sucessos do músico escocês que os presentes na Cidade do Rock levaram no ouvido, para casa, para trautear nos próximos dias e contar aos amigos sobre um Rod Stewart que continua igual a si mesmo: mexido em palco, dandos os seus passos de dança, vivendo e transmitindo prazer por estar em palco.

E haverá melhor maneira de terminar o terceiro dia de Rock in Rio 2008 do que com pais e filhos em feliz comunhão, unidos por uma mesma música e em festa? Pensamos que não...


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