O gelo na Antárctica começou a formar-se há 32 milhões de anos
Uma equipa de cientistas descobriu que o gelo no interior do glaciar do Leste da Antárctida funde-se em água e volta a congelar na sua base. A novidade é descrita num artigo publicado agora na Science.
Pensava-se que a formação do gelo dos glaciares era feita por camadas, como os bolos. Mas esta descoberta altera a forma como se observa a dinâmica dos glaciares. "Isso é como se alguém injectasse uma camada de recheio [de bolo] na base”, disse Robin Bell, um geofísico da Universidade de Columbia, co-autor do estudo.
A equipa sobrevoou a região do leste da Antárctida e estudou a região das montanhas Gamburtsev, utilizando um radar que analisa o gelo em profundidade. Os cientistas conseguiram traçar um mapa tridimensional de uma região com 4200 metros de altura.
A equipa verificou que existe uma actividade incomum. Numa certa profundidade existe gelo a fundir-se que posteriormente volta a congelar no fundo da camada de gelo. Esta actividade até agora desconhecida causa formações parecidas com colmeias.
Segundo as imagens produzidas pelos aparelhos da equipa, o recongelamento acaba por deformar toda a camada de gelo, que é empurrada para cima.
A tese dos cientistas é que este descongelamento em profundidade acontece porque as camadas em cima são isolantes e retêm o calor originado pela fricção das camadas que estão mais no interior.
“Isto é uma observação extremamente importante para nós porque [o fenómeno] está potencialmente a levantar camadas de gelo muito velhas”, disse em comunicado Jeff Severinghaus, geólogo do Instituto Scripps de Oceanografia de San Diego, que não fez parte do estudo. Segundo o cientista, isto poderá querer dizer que o gelo mais antigo pode estar bem preservado ou que “é mais difícil interpretar o registo porque [as camadas de gelo] estão todas baralhadas”
Os cientistas acreditam que a fusão e o recongelamento dos gelos vem a acontecer desde há 32 milhões de anos, quando os glaciares do continente começaram a formar-se. Esta camada que hoje existe, se for derretida, é suficiente para subir o nível médio da água do mar em 61 metros.
fonte: Público
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