Grande parte do estado de Queensland é zona de desastre. Pico das inundações é esperado para hoje e amanhã
Brisbane é a terceira maior cidade australiana e capital do estado de Queensland e foi ontem parcialmente evacuada devido à aproximação das enchentes que, desde o início do mês de Novembro, já fizeram 20 mortos. Só na segunda-feira, a subida repentina das águas fez uma dezena de mortos, entre eles quatro crianças, na cidade de Toowoomba a 125 quilómetros de Brisbane. As autoridades locais definem a situação, provocada por quase 36 horas de chuva ininterrupta num solo já de si saturado de água, como um "tsunami terrestre, um muro de água que passou pelo vale de Lockyer".
Na capital estadual, teme-se que o rio Brisbane suba até à marca dos 5,45 metros, atingida durante as cheias devastadoras de 1974. Charlie Green, residente em Toowoomba, explica à BBC que o desastre natural "seria irónico se não fosse tão trágico", já que a cidade "assenta na cratera de um vulcão extinto, a 610 metros acima do nível do mar, e aguentou dez anos de seca de tal maneira que nem os automóveis podiam ser lavados com a água da rede pública". Especialistas em meteorologia afirmam à AFP que o fenómeno climático La Niña definiu este ano como o mais húmido registado em Queensland e espera um pico nas inundações para hoje e amanhã.
A primeira-ministra australiana, Julia Gillard, anunciou que o país se deve preparar para um saldo maior de vítimas, já que 78 pessoas continuam desaparecidas e as chuvas torrenciais não dão sinais de abrandamento. Três quartos do estado de Queensland, incluindo toda a Região Sul, foram ontem declarados zona de desastre, com mais de 200 mil pessoas afectadas pelas maiores enchentes em 37 anos. A primeira-ministra de Queensland, Anna Bligh, afirma que é "uma experiência muito assustadora" e apela "a todos que em tempos como estes façam um esforço para se manterem calmos, pacientes e unidos".
Prejuízos incontáveis
As enchentes causaram já vários milhares de milhões de euros em danos ainda não analisados, já que as previsões de continuação das fortes chuvadas são muito negativistas. O autarca de Brisbane, Campbell Newman, prevê que "hoje [ontem] foi muito significativo, amanhã [hoje] é mau e quinta-feira será devastador para os moradores e negócios afectados". Entre 6500 e nove mil edifícios estavam ontem debaixo de água. A electricidade na capital estadual foi desligada ontem às 7 horas locais (21 horas de Lisboa), para que as subestações de transformação sejam verificadas e reparadas. O apagão vai deixar sem electricidade 100 mil habitações.
O preço dos alimentos na Austrália está previsto subir 30%, anunciou ontem o banco de investimento JP Morgan, já que metade dos terrenos agrícolas foram afectados pelas enxurradas. O impacto no preço dos bens alimentares pode alastrar até à Ásia e pode haver interrupções nos fornecimentos de trigo e outros cereais, açúcar, fruta e vegetais. Jiao Yu, do bairro de Indoorpilly em Brisbane, contou à BBC que nos supermercados "quase toda a comida foi levada, as pessoas nas ruas parecem ansiosas, as lojas e caminhos de ferro estão paralisados". A indústria mineira de carvão também sofreu danos consideráveis, numa das maiores jazidas carboníferas do mundo, o que pode cortar o PIB australiano em 0,4% no último trimestre de 2010 e no primeiro de 2011.
Fonte: ionline
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